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The Most Perfect Day

Sexta 20 Mar – Just a Fest

Quando vi o cartaz anunciando o festival “Just a Fest”, pela cidade inteira, enchi-me de desespero. De ingresso comprado já iria completar quatro meses, pensei, em pânico, que com essa massificação do festival, o show estaria cheio. E quanto mais cheio, menos coisas eu veria. É… quem diria que eu estava a alguns dias de ver Thom, Ed, Johnny, Colin e Phil bem na minha frente. Ouviria todas as músicas que amo com todas as minhas forças sendo tocadas bem na minha frente, ouvido por um público absurdo atrás de mim num coro, enquanto Thom e sua dança bizarramente bela chamaria todos os olhares. E confesso que essa idéia não me pareceu real até o momento em que todos os integrantes estavam dentro do palco, Kraftwerk já era um passado distante e Ed O’brien dizia como se nada estivesse acontecendo “Nós somos Radiohead”. Até parece que alguém ali não sabia. Fiquei em estado de choque. Eram eles. Tudo sumiu: a correria pela Apoteose inteira e aquela confusão absurda, a qual eu passaria todos os dias se pudesse, só pra ouvir aquela frase do Ed, naquele português horrível. Lâmpadas fluorecentes formaram o clássico palco, enormes, uns três metros de altura, que piscavam, conforme o ritmo. Cinco telões, cada um com uma câmera direcionada a um integrante da banda, mostravam o que estava acontecendo por todo o palco.

“15 step”. Nada melhor pra começar um show, qualquer show. A maioria já sabia que os primeiros versos de Thom seriam “how come I end up where I started”, mas isso não importou, na hora. À partir daí, tudo já valia à pena. Foi, com todas as forças que essa palavra pode assumir, todo o propósito o qual ela determina: belo. Todos gritaram, imagino que muitos além de mim não sabiam se choravam, filmavam, riam, louvavam. Tentei fazer tudo ao mesmo tempo. Sinceramente, nunca imaginava que uma música como aquela poderia ficar mais linda do que era. E ficou. Sem a menor piedade do meu coração, o Radiohead, O Radiohead… simplesmente começa a tocar “Airbag”. Tipo, “Airbag”. Fico arrepiado só de lembrar. Gente, é demais pro meu coração. Chorei demais, gritei, solucei e cantei muito. Não estava acreditando que estava tocando Airbag. Cara, Airbag. Sei lá. Não sei pôr em palavras o que senti ao vê-los tocando essa música. Foi demais pra mim.

“There There” é tão contagiante ao vivo, mas tão contagiante que dá vontade de sair arrancando uma baqueta do Ed e tocar junto com ele. Johnny e ele tocando tambor hipnoticamente enquanto o Thom se acabava de gritar “We are acidents, waiting, waiting, to happen”. Simplesmente não parava de soluçar. Acho que o povo em volta de mim ficou com medo. Mesmo. Parece que eles estavam me zoando e isso praticamente se concretizou com “All I Need”, pra mim, a música mais linda do show inteiro, completamente emocionante, de cortar o coração. Não superei até agora Thom Yorke dançando a batidinha de All I Need com uma cara de que estava sentindo aquela música em cada milímetro do seu corpo, com um lindo sorriso e seus olhos fechados. Lindo. Foi a música que mais chorei do show inteiro. Uma das músicas mais lindas que já ouvi na minha vida.

Não sei falar de “Karma Police”. Tava quase caindo no show na hora dessa música. O Thom pegou o violão como se nada tivesse acontecendo e começou a cantar ela. Tipo, ninguém foi sugado pra um buraco negro nem nada, eu simplesmente vi o Radiohead na minha frente tocando Karma Police. Minha amiga virou pra mim aos prantos, gritando que não acreditava, era Karma Police e eu simplesmente só chorei mais ainda. 23 mil pessoas cantando “for a minute here, I lost myself, I lost myself, I lost myself”. Dá até pra acreditar que eu não sou a única pessoa que sente, às vezes, que o Radiohead está cantando pra mim.

Consegui descansar minha voz e minha existência nas duas seguintes, “Nude” (uma das primeiras músicas do Radiohead que eu gostei), que foi simplesmente a música mais fiel ao estúdio que já ouvi - inclusive coisas que aparentemente não são reproduzíveis ao vivo, como os uivos de chorar que o o Thom vai dando no final, e “Weird Fishes”, que não me emociona a ponto de chorar, mas é uma das músicas mais deliciosas de se ouvir no planeta. Foi perfeito. Não lembro se foi o Colin, mas um deles começou antes a pular e levar o Phil ao ritmo do início, então comecei a pular exatamente na hora em que a música começou - sincronia perfeita, e não fui só eu. “I hit the bottom, hit the bottom, escape, escape, escape”. Perfeita ao vivo. Sem o menor erro de milésimos. Eles sabem o que fazem.

“National Anthem” e “The Gloaming” foram as mais inesperadas nesse set pra mim. Anthem foi uma surpresa. Nem imaginava ouvir essa música. E, bem, ao vivo, ela consegue ser cem milhões de vezes melhor que a original. Johnny captou sinais de rádio do Brasil e mixou junto com a música, enquanto as “luminárias” e o palco mostravam, hipnoticamente, listras vermelhas e pretas piscando de modo enlouquecedor. Thom cantava “Everyone is SO near”, enquanto fazia com a mão um sinal desesperado de “QUASE”. Faltaram as cornetas, a parte mais absurda da música, mas só o fato de existi-la no setlist, alcança a perfeição. The Gloaming ao vivo é… suave. Inexplicavelmente. O Thom dançou essa música do jeito que só ele sabe, e sabemos que essa música é uma das que ele mais gosta. “It should be raining, it should be raining”. Por que não? Radiohead faz chover, ao que as luminárias ensaiam uma linda chuva verde de luzes.

“Faust Arp” foi MUITO inesperada. Amo essa música. Amo. É a música mais singela que conheço, ao que ao mesmo tempo, canta uma letra desesperada, a qual cantei inteira. Johnny e Thom ficaram sozinhos no palco e conseguiram o estrago no meu coração que essa música tão suave consegue causar. “You’ve got a head full of feathers, you’re gonna melt into butter”. Linda.

Eu já sabia que ia tocar, em algum momento, essa música, mas mesmo assim, fiquei apreensivo e esperando pelo seu começo a cada final de música. “No Surprises” é a música que mais mexe comigo de todas as músicas que conheço do Radiohead. Na verdade é a música que mais mexe comigo de todas que conheço na minha vida. Fiquei em estado de choque. Em todos os versos que amo tanto, não consegui reagir. Todo mundo cantando comigo, inclusive os próprios compositores… essa música ao vivo, daquela forma, foi demais pra mim. Até agora não entendo muito bem o que senti naquele momento. Não tenho palavras. Fiquei paralisado.

“Jigsaw Falling Into Place” parece ser a mais díficil música de reproduzir da carreira do Radiohead. Irônica, pois ela mesma se pergunta, “What’s the point of instruments?”. Vimos Thom se esgoelando pra toca-la e canta-la, Ed num surto psicótico, Johnny mexendo a cabeça dele daquele modo que ele faz sempre. Parece que explodiu uma bomba na Apoteose e tudo foi causado por cinco caras tocando uma simples música que deixou todo mundo sem forças. Até agora não consegui absorver tudo que aconteceu ali. E quem vai dizer que não surtou quanto as batidinhas absurdas de “Idioteque” encheram todo o estádio? Todos estavam esperando por essa música, pra poder gritar todos os mantras que essa música, ícone do Radiohead pós Ok Computer. Todos pularam, gritaram. Ed fazia a bela (tem como não ser?) segunda voz “Take your money and run, take your money and run”. Aqui, no show do Radiohead, todos nos podemos fazer tudo que quisermos, por todo o tempo. Idioteque é uma obra-prima. Sem comentários pra dança mais foda do mundo que só o Thom consegue reproduzir naquele momento.

É sério que tocaram “I Might be Wrong”? Estou pensando nisso até agora, isso porque estava lá. Quando fui ao banheiro, quase dez horas antes do show de iniciar, ouvi uma passagem de som com essa música e tive um surto, mas ainda pensava que nem dessa forma iria tocar. Mesmo. Ao vivo, é tão hipnótica, deliciosa, dançante, emocionante e exprime toda a beleza do Amnesiac, pelo menos pra mim. Incrível como passaram da parte animada da música pra parte do choro (como costumo chamar) em alguns segundos, quando no cd, essa transição se faz aos poucos. Ali, foi natural. E os gemidos de Thom seguidos pelo lindo ritmo que essa música transmite foram simplesmente um dos momentos mais bonitos da noite. Fiquei paralisado. Depois da explosão de loucura, relaxamos (será?) ao triste som de “Street Spirit”. Tão fiel ao estúdio, quando o Radiohead estava em meados de 93 que chega a levar-nos a esta época. “Fade out… again…”. Pra mim, essa música, junto com a (faltosa) Fake Plastic Trees, exprime o que o Radiohead se tornaria, em 97.

Sem trégua, e como se quisessem ver-nos sofrer, começou “Bodysnatchers”. Essa é a letra do Radiohead, que, pra mim, é a que mais tem a ver comigo, mas não tive muita reação nesse momento. A música é tão poderosa que fica impossível reproduzi-la fora de estúdio completamente fiel, mas mesmo assim, chegou tão perto… “I see them coming, I see them coming”… todo mundo cantou. E foi lindo. A música antes do primeiro Bis foi um golpe baixo, baixíssimo. “How to disappear completely”. Nem por dez minutos pensei que essa música tocaria. Não estava preparado. O telão foi iluminado por reproduções de ondas sonoras enquanto, quase todo mundo no planeta que se identifica com essa música, cantou junto. “I’m not here, this isn’t happening”. Essa é a música mais triste do Radiohead, sem dúvidas. Golpe baixo. Fiquei anestesiado e obviamente não acreditei que eles não voltariam após o Bis.

Dito e feito. De maldade, começa “Videotape”, com os versos mais lindos da história do Radiohead. “You are my center, when I spin away” e “No matter what happens now, because I know today has ben the most perfect day I ever seen”. Faltou alguém. Mas Thom, Ed, Johnny, Phil e Collin não faltaram, então, no meu coração, essa música foi linda, e esse dia, perfeito. “Essa é a minha forma de dizer adeus, pois não consigo fazer isso pessoalmente”. Videotape, como diz o próprio Thom, é a música mais linda que eles já fizeram na carreira deles inteira. Nesse momento, pensei: já acabou? Virei pra uma menina que estava comigo: “E Paranoid Android? Não vai ter?”. Como resposta, Thom disse “Please could you stop the noise, I’m trying to get some rest?” Todo mundo enlouqueceu nessa hora. E todos pulamos, desesperadamente, gritando junto com Thom os versos que são hino na nossa história. You remember, you remember, can you remember my name? Nem o Radiohead estava preparado, nem a gente, nem o Andróide louvado. Ah…

A singela “House of Cards” trouxe um momento de paz entre as pessoas, enquanto a versão era tão fiel quanto o Radiohead sempre se propôs a fazer. Versão linda, tudo foi lindo demais, simplesmente não entendo como esses caras conseguem tocar uma coisa tão linda e tão contagiante. Essa música faz bem a alma, de fato. O surto na Apoteose voltou com força total em “Just”, a qual também não esperava, e fiquei chocado com o coro absurdo no refrão da música. Simplesmente não consegui ouvir a voz do Thom nos versos mais destruidores de todos: “You do it to yourself, you do, that’s what really hurts. You do it to yourself, you do. Just you, and no one else”. E o solo foi lindo. Ambos. Eles sabem o que estão fazendo…ah, e sabem. O mundo fantástico de Kid A voltou à tona com todas as forças numa das músicas mais poderosas e hipnóticas: “Everyhing In It’s Right Place”. Ed sentou de pernas cruzadas sobre um sintetizador, Johnny se ajoelhou em outro, Thom catou seu piano monstruoso que realiza os lindos efeitos malucos desta música e pôs se a cantar. E repetir. Repetir. E todos repetíamos. Right place, right place, right place (legal foi o Thom errando, e todos fizeram sinal de positivo, como se o perdoássemos). É claro que com um verso por cima do outro, se repetindo, se enlouquecendo, é mais justo que Thom erre mesmo.

O segundo Bis é a última sequência de músicas do show e a genialidade do Radiohead se tornou a coisa mais evidente do planeta ao que Thom, de volta, sobre seu piano, entoa: “Essa é pra todas as vezes que américa do Norte tentou foder com vocês”. A câmera de segurança foi totalmente fixada em seu olho caído enquanto ele, no piano, girava sua cabeça e perguntava: “You And Whose Army?” Foi lindo. Lindo, absurdo, fiquei sem palavras, simplesmente consegui dizer “QUE FODA”. Thom mexia sua cabeça e seu olho se movia de forma irônica nos melhores versos. “Venham, vocês pensam que nos deixam loucos?” Depois de “All I Need”, “You And Whose Army?” destruiu meu coração inteiro. We ride, tonight, ghost horses, ghost horses.

Pra finalizar, a bela, melódica e percursiva Reckoner, onde Ed assume o pandeiro, Thom chora a linda letra e fala “dedicated to all of you, all of you”. Thom murmura “In Rainbows, In Rainbows”, cd tocado na ÍNTEGRA (alguém esperava por isso?) durante o show.

Pra fechar, inesperadamente, veio “Creep”, onde todos nós, que desejamos ser especiais, cantamos junto com Thom, enquanto ele dizia, a si mesmo, que era “a creep, a weirdo”, enquanto se divertia com sua própria imagem. Thom, nós te achamos sim, creep, weirdo. Mas nós também somos contigo, e isso é um prazer. Muito obrigado pelo show a você. E Ed, Johnny, Phil, Colin. Todos vocês completam a minha vida a de muitos creeps por aí. Obrigado por trazer tanta beleza e emoção pra nossa noite. Depois de tantos “obrigados” no fim de tantas músicas, somos nós que agradecemos. Obrigado.

PS: Faltou “Lucky"

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