Montag, 28. Okt 2013, 18:20
O Popload Festival aconteceu nesse último sábado, dia 26, no HSBC Brasil, em São Paulo. De primeiro momento, pensei que a estrutura do festival ia ficar estranha e a divisão de dois palcos me pareceu algo estranho demais para ser verdade, mas não foi. A organização estava um primor e tudo bem colocado. Como não haviam shows simultâneos, não houve interferência de um palco no outro, um menorzinho localizado logo na entrada, para os nacionais, no Hall do local; e o comum do HSBC mesmo, que recebeu as bandas internacionais.
YUCK
Estranho é a palavra chave pra descrever o show do Yuck, com duração de pouco mais de meia hora, o quarteto – que recentemente passou por uma reformulação dos integrantes, com a saída do vocalista Daniel – está fraco e sem sal. O novo moço que tomou conta dos vocais não parece estar muito confortável no palco e soa antipático na maioria das vezes.
O resto da banda alocada à sua insistência morna e morta também não impressiona. O som não agrada a maioria do público que talvez até estivesse curioso para conhecer a banda ao vivo, como eu, mas não se impressionou pelos acordes que tentam beirar uma banda de shoegaze, mas acabam falhando miseravelmente e param no meio do caminho, soando meio ressonantes, meio crus, meio tudo.
A única parte boa do show foi consideravelmente quando a moçoila baxista – Mariko Doi - arriscou-se no vocal para cantar “The Wall”, ponto alto do show que arrancou até alguns coros e refrões – talvez por ser uma das músicas mais famosinhas, talvez porque ela realmente cante melhor que o Max Bloom.
THE XX
Muita gente esperou anos por esse show e com certeza a empolgação atingiu seu apice nessa noite. Mesmo eles nunca tendo vindo para o Brasil, muita gente já sabia que o primor do The xx por suas apresentações ao vivo sempre foi exacerbado: luzes, atmosfera e presença peculiares. Jamie, Croft e Oliver sabem o que fazem, tanto em disco, quanto ao vivo e prezam por esse lado ao vivo muito bem apurado.
Croft e Oliver, especialmente, que podiam ser vistos mais facilmente que o Jamie que fica mais atrás, elevado, mas acanhado em suas bases e efeitos, pareciam estar gostando do contagioso público brasileiro, arriscando sorrisos e palavras de afeto para a plateia. O show de São Paulo foi o último da tour do Coexist, segundo álbum da banda, e agora eles vão descansar um pouco antes de voltar para o estúdio e lançar, talvez, mais uma obra prima.
Apesar do preconceito de que o The xx dá sono, as músicas do trio ao vivo soam melhores do que nunca, desde “Try”, a que abre o show, até “Angels”, a última música, eles não me fizeram despregar o olho de todo o efeito causado pela apresentação. Uma catarse coletiva, sentimentos turbilhantes pela poesia das letras, das harmonias, dos movimentos ensaiados e sombrios de Oliver, da apatia fervorosa de Croft e do dinamismo de Jamie que se virava em mil para dar base à todo o espetáculo.
Variando entre músicas mais conhecidas, como “VCR” e “Islands” e músicas mais obscuras da carreira, como “Shelter” e “Swept Away”, o trio pareceu conquistar toda a platéia de seu jeito timido e acanhado. Oliver e seus movimentos característicos e Croft na sua leveza pareceram fazer jus à fama blase-de-uma-forma-simpática do duo. O setlist foi perfeito, a atmosfera criada foi incrível, o primor pela técnica sonora e a iluminação fizeram do show deles algo transcendental. The xx ganhou um espaço cativo ainda maior na minha concepção.
Resenha publicada originalmente no site da Reverbcity